Cibersegurança: desafios e oportunidades, um artigo de Luís Manuel Ribeiro
(Artigo de opinião de Luís Manuel Ribeiro, Presidente do Conselho de Administração do CESAE Digital, publicado na Portugal Business On The Way. O artigo pode ser lido em edição bilingue e em contexto da revista aqui, nas páginas 34 e 35.)
Sendo hoje, inquestionavelmente, a internacionalização um dos instrumentos que as empresas podem utilizar para o alargamento sustentado dos seus negócios, devemos sempre lembrar que internacionalizar acarreta riscos, custa dinheiro, consome tempo e exige visão, estratégia, flexibilidade e planeamento. A falta de confiança, a falta de referências prévias, a incerteza sobre os mercados que se pretendem trabalhar e os elevados níveis de competitividade global podem condicionar seriamente os projetos de internacionalização das empresas. A quarta revolução industrial (indústria 4.0) e de serviços impõe um ritmo de transformação digital que permite novos canais de comercialização, alarga segmentos de clientes para muitas empresas, e permite redefinir ou criar modelos de negócio inovadores assentes em infraestruturas tecnológicas que de alguma forma “democratizam” a possibilidade de acesso alargado a novos mercados. Limitações de vária ordem concorrem também para as dificuldades de internacionalizar, tais como recursos financeiros, indisponibilidade de recursos humanos qualificados, dificuldades logísticas, incapacidade de adaptação entre o que é oferecido e uma procura com exigência de adaptação: linguística, normativa/legal, geográfica, cultural e temporal.
Por isso o CESAE Digital, e muitos outros organismos de formação empresarial, desenvolvem hoje programas extensivos de Qualificação para a Internacionalização, para qualificar recursos humanos nos domínios do comércio internacional e desenvolver cadeias de valor virtuosas que permita às empresas, e nomeadamente às PME, capacitar os seus quadros e evoluir para a procura de novos mercados.
As novas realidades do contexto internacional vieram acentuar enormes fragilidades nas estratégias que têm vindo a ser seguidas pelas economias mais evoluídas do mundo: o problema da pandemia Covid-19 com impacto na circulação de bens e pessoas e no estabelecimento de hábitos híbridos de trabalho, a guerra resultante da invasão da Rússia à Ucrânia com impacto severo nos preços das matérias-primas críticas e, mais recentemente, o efeito negativo das sanções nos circuitos económicos em todo o mundo. Paralelamente a estas realidades muito adversas, emergem novos riscos e ameaças nas áreas da cibercriminalidade, por vezes suportadas por organizações poderosas, suscitando ataques informáticos, capturas de dados, bloqueamento do funcionamento de serviços essenciais e tantos outros efeitos destrutivos da confiança e do modo de vida a que estávamos habituados.
Os novos recursos da economia digital e o desenvolvimento tecnológico acelerado, contribuem para o desenvolvimento geral das sociedades e do bem-estar das pessoas, mas contêm também novas vulnerabilidades que devemos enfrentar. O correio malicioso que entra pelo nosso e-mail, a conectividade permanente dos nossos aparelhos com exposição a ataques potencialmente danosos, são exemplos ilustrativos de que, neste mundo novo, a cibersegurança é fundamental, designadamente para proteger as vulnerabilidades técnicas ou sociais dos sistemas que empresas/organizações em geral e os cidadãos em particular utilizam abundantemente. Sobretudo para as empresas com processos de internacionalização, é necessário planear uma estratégia abrangente de mitigação do risco baseada numa abordagem proativa, preditiva e com deteção precoce de brechas de segurança que dê garantias aos investimentos nos sistemas de comércio eletrónico, apoio ao cliente e resiliência funcional.
No CESAE Digital, valorizamos muito esta capacitação digital dos portugueses nas áreas da Literacia Digital, Comércio Eletrónico, Cibersegurança, Inteligência Artificial e (Re)Qualificação Digital, porque esse é o caminho para que o processo imparável de transformação digital da economia e da sociedade, assente em cidadãos com mais e melhores competências digitais e em políticas de incremento tecnológico e de redução de riscos de ciberataques e violação de privacidade dos dados pessoais.
É nossa convicção que nas empresas, a educação e formação para a cibersegurança é hoje um alicerce para a continuidade e sustentabilidade dos negócios e também um imperativo essencial de responsabilidade social.
Luís Manuel Ribeiro, Presidente do Conselho de Administração do CESAE Digital